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quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Carta à Jesus

“Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que ajudando-vos uns aos outros , mortos e vivos , isto é , mortos segundo a carne , porquanto não existe a morte , vos socorrais mutuamente...”


Este , talvez , o mais terno ensinamento encontrado no Evangelho. Pleno de compaixão , a mais linda palavra em todas as línguas – dos anjos e dos homens.

Pai , perdoe a nós pobres e frágeis criaturas , que não tivemos o privilégio de conhecê-lo , segui-lo , de ouvi-lo , dois mil anos atrás ... e ainda assim O Amamos , O procuramos desesperadamente ... Nós, que não tivemos a oportunidade como São Tomé , testemunha de suas caminhadas e ainda assim duvidar ... como São Pedro , seu Apóstolo querido que o negou por três vezes . Como queríamos , Pai , estar entre os que puderam presenciar , seu amor pelos doentes , os loucos , os solitários , os desvalidos que tocavam seu manto e curavam-se... dois mil anos atrás ... Pai , como deturparam seus ensinamentos , sua poesia ... as instituições que deveriam fielmente representá-lo , desfiguram-no como filho de um Deus vingativo , raivoso , implacável ... o Senhor que afirmou “ vim para curar os doentes ‘’... o Senhor que comia com os fariseus , ateus , publicanos ... que escrevia na areia enquanto os moralistas condenavam Maria Madalena , que obteve seu perdão...

Este é meu Cristo.

Os manipuladores das escrituras, prisioneiros da forma e distante do Espírito , não conseguiram senti-lo como o Sublime Andarilho , o médico das Almas ... e o poeta , que com suas metáforas e parábolas tocava profundamente , corações e mentes , ávidas de um Colo Divino , de um amor incondicional , que não julga , que perdoa sempre ...

Dois mil anos depois o que somos?

Sonâmbulos , robotizados , tentando preencher o enorme vazio , a saudade indefinível com o TER , com o acumular na ilusão de religar os destroços que foram ficando pelos caminhos , por séculos e séculos de guerra , intolerância e desvirtuamento de sua poesia ...

Creio em sua indulgência com a nossa fragilidade ; nós que corremos entre promissórias e soluços , do sexo automático , entre angústias e pesadelos , com a foice atômica roçando nossas cabeças ... os olhos fixos no teto opacos pela insônia , pelo desmoronamento precoce de nossos corpos , sonhos e ideais ...

Nós , eternos Carlitos , humilhados pelos donos do poder assistimos impotentes , nossos filhos , teleguiados pela massificação do consumo , adultos antes do tempo e já melancólicos , sem esperança ...

O Senhor , sol puro , pleno , quintessenciado , que por Amor e compaixão , reduziu com indescritível sofrimento sua vibração espiritual para nascer num planeta de provas e expiações ...

O meu Cristo submeteu-se ao calvário da condição humana , gerado por uma criança de quatorze anos , sua irmã espiritual , através de um tempo imensurável ...

O Sol , aprisionado em um corpo , belo , mais frágil para conter tanta luz ...

Por amor ... por compaixão ...

Carlos Vereza.

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