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domingo, 8 de novembro de 2009
O sol e o sino
O boi.
Arrasta-se.
De vida
Só o sino
No pescoço.
Esquálido.
Transparente.
No lugar do corpo,
um osso.
Um único e inacreditável
osso.
Cambaleia o boi.
Tilintando o sino.
De eco
ou resposta
Nenhum sinal.
O sol não se pôe
não se deita
Espreita o boi
"Saboreia"
a precária colheita
A terra
abrasa
queima.
O osso tropeça
teima.
Um inaudível mugido
o fim pressentido.
As aves de rapina
não rapinam.
Numa inesperada
delicadeza
voejam em torno do boi
formando uma nuvem
negra
como a protegê-lo
do sol
Pressentem o herói
a luta
a morte.
O animal pára.
Arqueja.
Dobra as patas da frente.
Acabou o sino
a sina
e a sorte.
Uma costela fura
o que era pele
e como uma lança
"protesta"
ao mundo
ao mudo
e surdo
mundo.
Desaba a carcaça
no Agreste.
Triste Nordeste
eterna dor
eterna peste.
Um vento
sacode o sino
ecoando
em vão
na terra
incendiada.
As aves, negras,
respeitosamente
retiram-se ante a aproximação de dois expectros que volitam e choram
por mais um "causo"
rotineiro:
Euclides da Cunha
e Antônio Conselheiro
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4 comentários:
Pôxa!
O Senhor nunca respondeu a nenhuma de minhas mensagens nem ao meu e-mail...
Raivinha de mim? Rs rs rs...
Mesmo assim te admiro muito,viu?!
Beijos da BEN,
pra vc e pra Larissinha tb.
ESTIMADA SARASWATTI,
VOCÊ É A MINHA "SEGUIDORA" PREDILETA.
JÁ LHE ENVIEI UMA MENSAGEM APÓS O TEXTO EM QUE EU COMENTAVA SOBRE AS ADOLESCENTES DA ORLA DE FORTALEZA.
UM ABRAÇO,
CARLOS VEREZA.
"Estamos condenados à civilização. Ou progredimos ou desaparecemos." (Euclides da Cunha)
*********
Estimado Carlos Vereza,
Obrigada pela atenção. Precisava ver o tamanho do meu sorriso. Adorei o PREDILETA!!!!
Pode me chamar de BEN, como sou mais conhecida.
Abraço da BEN.
Há tempos tentei escrever algo parecido. Eu pretendia, com a humildade da minha prosa, entender a desolação de um outro universo, diferente do meu. Reportei-me ao nordeste, coisa que eu só tinha feito através de alguns autores. Quando li Sagarana pela primeira vez, pude visualizar dores alheias, e confesso Vereza, presenciei mortes, festas e até mesmo um burrinho já no fim do seu cumprimento; foi uma viagem inesquecível. Por um acaso – um achado valiosíssimo – encontrei o seu blog, após receber um email de uma colega. Há no seu texto uma música triste, mas real. Parabéns!
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